A Liberdade, a Democracia e a Paz estão em construção todos os dias. É preciso cuidar do Bem Comum, SEMPRE!
Deolinda Carvalho Machado é professora, dirigente associativa e da LOC-MTC.
É luar de lua cheia
Tocando as casas e a rua,
São conchas, búzios na areia,
A paz é minha e é tua.
É o povo todo unido,
No mundo, de norte a Sul,
e é um balão colorido
subindo no céu azul.
A paz é o oposto da guerra,
é o sol, são as madrugadas,
e todas as crianças da terra
de mãos dadas, de mãos dadas,
de mãos dadas.
(Sidónio Muralha)
A Liberdade, a Democracia e a Paz estão em construção todos os dias. É preciso cuidar do Bem Comum, SEMPRE!
“O sentido da vida não se pode reduzir aos nossos interesses pessoais, mas inscreve-se na fraternidade que nos caracteriza. Só crescemos com os outros e graças aos outros” (1), escreveu Fr. Bento Domingues.
O Papa Francisco desafia-nos a uma constante reflexão, escuta e acção permanentes, com vista a um compromisso concreto de participação na vida toda, em convergência com outras pessoas de diferentes culturas e religiões, na procura de soluções comuns, estruturais, conducentes a uma paz duradoura. Na mensagem da paz para 2022 o Papa propôs três caminhos para a construção de uma paz duradoura: (1) o diálogo entre gerações; (2) a educação como motor de paz; (3) a promoção e a garantia do trabalho na construção e na manutenção da paz.
Os valores evangélicos são compatíveis com a luta pela dignidade do/a trabalhador/a e com a luta pela paz, na medida em que há identidade nos princípios e valores defendidos pelo Evangelho, no respeito pelos direitos humanos e os valores que defendemos como sociedade humana.
A paz é o maior anseio dos povos. A concentração da riqueza à custa da exploração dos trabalhadores, da financeirização da economia e a constante deriva especulativa, a instabilidade no trabalho que precariza as nossas vidas, a escravidão, a desregulação das leis laborais, dos horários de trabalho, o trabalho ao domingo, a desvalorização das pessoas, as guerras a que assistimos… Tudo isto terá de ser revertido a favor da paz.
Urge reforçar a unidade na ação entre os povos e as organizações que lutam pela dignidade da pessoa, pela emancipação cívica, económica, social e cultural, combatendo as desigualdades, as discriminações, as injustiças, o racismo e a xenofobia.
Todos têm direito a terra, tecto e trabalho (2), como bem lembrou o Papa. É uma indignidade, uma vergonha o que se passa. Esta economia que mata tem de ser alterada.
É possível erradicar a pobreza e a fome. É possível construir a paz, distribuindo melhor a riqueza e canalizá-la para a produção de alimentos e de outros bens essenciais às populações, em vez de investir na produção de mais armamento, no negócio da guerra, o que torna o mundo mais perigoso e inseguro. Urge envidar esforços no desarmamento geral, simultâneo e controlado, como refere o artigo 7.º da Constituição da República Portuguesa, e ter presentes os princípios constantes da Carta das Nações Unidas. Urge ratificar o Tratado de proibição das armas nucleares, seguindo o Papa Francisco, no Vaticano - o primeiro Estado a fazê-lo.
Em unidade, cristãos e não cristãos, façamos como milhares de mulheres cristãs, muçulmanas e judias que, recentemente, marchando pela paz, afirmaram que a paz é possível e que é um dever de todos.